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Hipersensibilidade dentinária – o que é, causas, tratamento

Introdução

A hipersensibilidade dentinária é definida como uma dor aguda e exagerada de curta duração, causada pela presença de túbulos dentinários abertos. Sendo que a sensação dolorosa exagerada se apresenta aquando da exposição a um estímulo térmico, químico, osmótico ou táctil, leve, não havendo qualquer outra patologia que justifique tal reacção.

A hipersensibilidade dentinária é uma queixa comum dos pacientes, limitando-os na alimentação e higienização adequada.

A principal causa da Hipersensibilidade Dentinária é a recessão gengival, ocasionada pela migração apical da gengiva por motivos traumáticos, inserções musculares inadequadas, hábitos parafuncionais, entre outras causas.

Assim sendo, a Hipersensibilidade Dentinária surge quando ocorre desgaste do esmalte ou cimento que leva à exposição dos túbulos dentinários ao meio externo ou meio oral. Este desgaste pode ocorrer devido a uma má técnica de escovagem e, consequentemente a uma má higiene oral. Pode também ocorrer devido a doenças como o bruxismo ou doenças sistémicas que levem à erosão dentária, ao consumo de alimentos e bebidas ácidas e, por último a causas iatrogénicas.

 

Diagnóstico

Em situações normais, a dentina encontra-se coberta por esmalte e por cimento. Quando ocorre o desgaste de esmalte e cimento vai ocorrer exposição coronária ou radicular de dentina, o que irá levar à exposição dos túbulos dentinários abertos. Normalmente, esta perda de esmalte ocorre devido a processos de abrasão, abfração e erosão.

Segundo a Teoria Hidrodinâmica da dor, a dentina exposta com túbulos dentinários abertos vai permitir a passagem de fluido tubular para dentro e para fora, o que vai desencadear a contração e distensão do prolongamento do odontoblasto, activando as ramificações nervosas (presentes no início do prolongamento do odontoblasto).

 

Opções Terapêuticas

Alguns estudos têm mostrado que a dentina com hipersensibilidade apresenta oito vezes mais túbulos abertos do que a dentina não sensível e, os túbulos apresentam também, o dobro do diâmetro quando comparados aos túbulos da dentina não sensível.

Para chegarmos a um diagnóstico definitivo podem ser aplicados estímulos térmicos (quente ou frio), eléctricos, tácteis, entre outras técnicas, de modo a conseguirmos observar e caracterizar a dor que o paciente sente.

 

Tratamento Farmacológico

Neste caso, em que estamos perante um caso de Hipersensibilidade Dentinária, a dor vai caracterizar-se por ser exagerada relativamente ao estímulo leve que a desencadeia. A duração da sensação dolorosa é limitada ao tempo em que o dente é exposto ao estímulo e apresenta-se com localização exacta, não sendo difusa.

Existem diversas opções terapêuticas para o tratamento da Hipersensibilidade Dentinária, de modo a eliminar a dor causada pela exposição radicular, entre elas, pode-se citar a utilização de dentífricos, de flúor, de dessensibilizantes, adesivos dentários, utilização de lazer, recurso a restaurações e tratamento endodôntico.

 

Restaurações Dentárias

Em primeira instância, devemos proceder a um tratamento preventivo que engloba uma boa anamnese e, também, a instrução para as técnicas de higiene oral (técnica correcta de escovagem, o tipo de escova e de pasta dentífrica mais aconselhável, quando escovar os dentes, utilização de colutórios, entre outras).

Ainda englobado no tratamento preventivo temos também o aconselhamento alimentar (explicar que uma dieta ácida pode ser uma das causas da Hipersensibilidade Dentinária) e a correção de maus hábitos.

Posteriormente, se o tratamento preventivo não for eficaz, teremos que recorrer ao tratamento farmacológico, em consultório ou de auto-aplicação. Actualmente, os mais utilizados são Sais de Potássio em pasta dentífrica, colutório e gel; Flúor igualmente em pasta dentífrica, colutório mas também em vernizes; Citrato de Potássio em pasta e também produtos derivados do formaldeído.

Relativamente ao tratamento com dentífricos, este tem sido bastante indicado e utilizado tanto pelo baixo custo, como por ser de fácil e de auto-aplicação. Tem apenas uma desvantagem que advém do tempo de acção do tratamento que é de 2 a 12 semanas. O mecanismo de acção baseia-se na obstrução dos túbulos dentinários pela precipitação de fosfato de cálcio na superfície dentária. Outro agente dessensibilizante que está também presente é o nitrato de potássio que demonstra grande acção dessensibilizante. O aumento da concentração de potássio extracelular em redor das fibras nervosas causa despolarização destas, inactivando o potencial de acção.

O Flúor também tem sido sugerido para o tratamento desta condição, sendo utilizado sobre a forma de fluoreto de sódio sobre a dentina exposta. O mecanismo, no caso do flúor, dá-se pela formação de cristais de fluoreto de cálcio na superfície da dentina. Infelizmente, este tratamento tem algumas desvantagens tais como os cristais formados serem menores que o diâmetro dos túbulos o que leva a uma necessidade de repetir a aplicação do produto e, também, a ser um composto instável o que vai provocar a dissociação rápida e, portanto, o efeito é de pouca duração.

Em relação aos agentes dessensibilizantes mais frequentes, estes são o oxalato de potássio a 30% e o oxalato férrico a 6%. Os iões destes compostos vão reagir com o cálcio formando oxalato de cálcio que pode obstruir os túbulos dentinários. Além disso, o potássio proveniente do oxalato de potássio vai agir na fibra nervosa, despolarizando-a, como foi descrito anteriormente. A desvantagem desta técnica é relativa à penetração superficial do oxalato de cálcio nos túbulos, sendo o composto removido após um curto período de tempo.

Outra técnica que se apresenta muito efectiva ao apresentar efeitos imediatos é a utilização de adesivos. Além disso, é de fácil aplicação e é indolor. O adesivo tem como mecanismo fechar os túbulos dentinários pela formação da camada híbrida. Foi também comprovado que se pode adicionar mais camadas de adesivo sempre que a hipersensibilidade aumentar.

Por último, podemos recorrer às restaurações dentárias mas, apenas, quando além da hipersensibilidade também temos lesões que apresentam cavidades. Segundo alguns autores, as lesões de abrasão, abfração e erosão devem ser restauradas quando se encontram cavitadas, porém apresentam o risco de ter um sucesso limitado pois as restaurações podem aumentar a Hipersensibilidade Dentinária.

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