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Assim vai a Higiene Oral com André Gonçalves

Como higienista oral, quais as maiores dificuldades que encontra no seu dia-a-dia clínico e como pensa que poderiam ser ultrapassadas, em benefício dos pacientes?

Uma das maiores dificuldades que enfrento no meu dia-a-dia clínico é a adesão dos pacientes às recomendações de higiene oral. Muitos pacientes subestimam a importância de uma boa rotina de higiene oral e não seguem as instruções corretamente.

Para ultrapassar esta dificuldade, acredito que uma abordagem mais personalizada e educativa pode fazer a diferença. Utilizar tecnologias como aplicações de monitorização da higiene oral e o uso de lembretes automáticos com indicações de higiene oral podem aumentar a adesão dos pacientes às recomendações feitas.

Atualmente, quais são as principais tendências e desafios a higiene oral? Que novas tecnologias e materiais estão a permitir o seu desenvolvimento? Indique uma que pessoalmente veio “revolucionar” a sua prática nos últimos tempos.

As principais tendências em higiene oral incluem a integração de tecnologias digitais, como fotografias e scanners intraorais e radiografias digitais, para além das escovas elétricas e as suas aplicações integradas. Estas tecnologias não só melhoram a precisão dos tratamentos como também aumentam a compreensão do paciente, auxiliando a melhoria da saúde oral e geral.

Qual o impacto do digital no dia-a-dia do higienista oral? No quotidiano do paciente, em relação à sua higiene oral?

O impacto do digital é enorme tanto para o higienista oral quanto para os pacientes. Para nós, profissionais, a digitalização permite diagnósticos mais precisos e eficientes, melhor planeamento de tratamentos e um fluxo de trabalho mais integrado e coordenado. Para os pacientes, tecnologias digitais como aplicações de monitorização de higiene oral, escovas de dentes inteligentes e lembretes automatizados ajudam a manter uma rotina de higiene mais consistente e eficaz, resultando em melhor saúde oral (e geral) a longo prazo.

Como é que a inteligência artificial tem contribuído para esta área? Quais os seus benefícios e riscos?

A inteligência artificial (IA) tem contribuído para a área de higiene oral, principalmente na parte do diagnóstico e planeamento de tratamentos, para além de ser uma ferramenta eficaz na motivação contínua dos pacientes para uma boa higiene oral em casa.

A IA pode analisar imagens radiográficas e identificar problemas que poderiam passar despercebidos a olho nu, além de prever a progressão de doenças periodontais e cáries com maior precisão. Os benefícios incluem maior precisão, eficiência e personalização dos tratamentos.

No entanto, os riscos envolvem a dependência excessiva da tecnologia, que pode levar à desvalorização do julgamento clínico humano, e questões relacionadas à privacidade dos dados dos pacientes.

Como se encontra a relação entre a medicina geral e familiar e a saúde oral? Qual a sensibilização dos Médicos Gerais de Família para a importância da Saúde Oral na saúde geral?

A relação entre a medicina geral e a saúde oral tem vindo a melhorar, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Muitos médicos de família estão cada vez mais conscientes da importância da saúde oral na saúde geral, especialmente em relação a condições sistêmicas como diabetes e doenças cardíacas.

No entanto, a integração plena ainda é um desafio, e seria benéfico haver mais programas de formação e colaboração entre médicos de família e profissionais de saúde oral para promover uma abordagem mais holística e integrada.

Quais os frutos que a integração da saúde oral no SNS têm trazido? Quais os maiores desafios que ainda têm pela frente?

A integração da saúde oral no SNS tem trazido benefícios significativos, incluindo maior acesso a cuidados preventivos e terapêuticos para a população, especialmente para aqueles com menos recursos.

No entanto, os maiores desafios incluem a falta de profissionais e recursos para atender à demanda crescente, bem como a necessidade de uma maior conscientização pública sobre a importância da saúde oral. Melhorar a infraestrutura e aumentar o financiamento são passos essenciais para superar estes desafios.

Considera que o papel do higienista oral no SNS tem sido suficientemente abrangente para cumprir com as necessidades dos utentes? Quais as maiores dificuldades?

Embora o papel do higienista oral no SNS tenha sido crucial, ainda há espaço para melhorias. As maiores dificuldades incluem a falta de recursos e tempo para oferecer cuidados preventivos adequados a todos os pacientes.

Além disso, a carga administrativa pode limitar o tempo dedicado ao atendimento direto ao paciente. Aumentar o número de higienistas orais e proporcionar mais formação e suporte pode ajudar a enfrentar essas dificuldades e melhorar a qualidade dos serviços prestados.

Que políticas públicas poderiam ajudar a melhorar a saúde oral em crianças e adultos?

Para melhorar a saúde oral em crianças e adultos, as políticas públicas deveriam focar-se em programas de educação e prevenção, maior acesso a cuidados dentários, e incentivos para práticas de higiene oral desde cedo. Programas escolares que incluam educação sobre saúde oral e acesso a cuidados preventivos podem fazer uma diferença significativa.

Além disso, campanhas públicas de conscientização sobre a importância da saúde oral e a integração de check-ups dentários em consultas médicas de rotina podem ajudar a melhorar a saúde oral na população geral.

Quais os principais desafios que um higienista oral encontra atualmente ao sair da faculdade, quando integra o mercado de trabalho? O que pensa que seria necessário acrescentar à licenciatura em higiene oral de forma a preparar melhor os alunos para o mundo do mercado de trabalho?

Os principais desafios incluem a adaptação ao ambiente clínico real, a gestão de tempo e a comunicação eficaz com os pacientes. Para preparar melhor os alunos, seria benéfico incluir mais formação prática durante a licenciatura, estágios em clínicas reais e cursos sobre gestão de consultórios e competências interpessoais.

Além disso, a inclusão de módulos sobre novas tecnologias e práticas emergentes em higiene oral pode ajudar os recém-licenciados a estarem mais preparados para o mercado de trabalho.

Quais os pontos fortes da relação de higienista oral – médico dentista? E o que pensa que deveria ser diferente nessa relação?

Os pontos fortes da relação entre o higienista oral e o médico dentista incluem a colaboração e a complementaridade das funções. Essa parceria permite um cuidado mais abrangente e eficaz para o paciente.

No entanto, para melhorar essa relação, seria útil fomentar uma comunicação mais aberta e regular, além de um maior reconhecimento da importância do papel do higienista oral. Promover mais oportunidades de formação conjunta e workshops pode fortalecer essa colaboração e melhorar os resultados para os pacientes.

Conheça melhor o André Gonçalves

O Dr. André Gonçalves finalizou a licenciatura em Higiene Oral pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa em 2019.

Tem uma especialização em Higiene Oral para Pessoas com Necessidades Especiais, pela FMDUL, e Mestrado em Gestão da Saúde, pela ENSP-NOVA.

Participou em diversas conferências, congressos e cursos de formação complementar teórico-práticos.

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